quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Nem alegre nem triste: poeta

Ser poeta, na verdade, é uma exigência do coração. Está acima do bem e do mal, da razão e da emoção, da vida e da morte, da alegria e da tristeza. É um outro estado da alma. Estado de graça, de dúvida, de anseios, de interiorização, de sonhos, de acordar.

Cecília Meireles compôs o poema “Motivo”, que fala sobre o sentimento de ser poeta:

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou se desfaço,
- Não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Talvez o poema seja realmente um canto: indefinível, inexplicável, às vezes bem próximo de nós, outras vezes bem distante, que somente as almas mais sensíveis podem compreender. Mais nada.

Nenhum comentário: