sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Greve das palavras (desconectado)


Fim de mais uma semana.

Novas possiblidades.

Cansado.

Estou em greve das palavras.

Desconectado.

Voltarei na segunda-feira.

Adeus.



quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Desabafo e palavras ao vento de alguém/ninguém que grita no silêncio buscando humanidade

Não sei de nada.

A humanidade parece caminhar na contramão.

Atropelando a vida, emboscando sonhos, matando esperanças, a turba desgovernada segue o seu (des)caminho.

Não sinta. Não deseje. Não queira demais. Esta parece ser a lei.

Por toda parte, seres humanos (desumanos) feitos de mármore, insensíveis a toda sua dor, ao seu desespero.

Não grite, não vai adiantar. Eu também já tentei chamar a atenção. Em vão.

Utopias, ilusões, nada mais que isso...

Quantas crianças ainda terão que morrer até que aprendamos algo sobre o futuro e sobre a esperança?

Quantos jovens continuarão alienados até que um dia haja respeito e liberdade, oportunidade e dignidade, consciência e direitos iguais?

Talvez eu seja tão somente um alucinado, um pseudo-idealista catando meus cacos, meus restos na calçada fria e imunda, diante da multidão (manilha, autômatos, ignorantes) que passa diante de mim e não percebe a minha existência.

Quero viver, quero crescer, quero ser eu mesmo, quero oportunidades para me desenvolver como ser humano, não como bicho.

Talvez um dia, quem sabe. Mas hoje não. Hoje só existe a noite fria e a certeza de que estou desprotegido numa terra de grandes construções de cimento, mas poucos corações, procurando encontrar pessoas que se dêem as mãos... Pessoas que eu possa chamar de irmãs.


Ass.: Um alguém desconhecido qualquer, um ninguém sem passado, sem presente, sem futuro, mas que ainda sonha, apesar de viver o pesadelo real da vida.

Quando não estás aqui...


TREVAS EM MIM
Faz sol,
mas dentro de mim
faz tanto frio.

Só a tua presença
pode me aquecer,
me deixar feliz.

Não estás aqui.

09/08/2007


LONGE DO PARAÍSO
Pareço não existir,
nada mais tem importância para mim,
nada mais faz sentido.

Sem ti não quero alcançar o céu.

09/08/2007


POR TODA PARTE
No céu, no ar, no mar,
na flor, na borboleta, na esperança...
Estás por toda parte,
em tudo o que vejo, em toda beleza,
em tudo o que existe.
Estás eternamente em mim.

08/11/2007


FRIO, FRIO...
Gotejam
lágrimas.

O olhar triste
silencia.

Eu sou muitos
sentimentos,
muitos sonhos
num só rosto.

Só que sozinho
sinto muito frio...

15/11/07


ÚNICA
Aonde vás?
Fica um pouco aqui.
Tens tanto carinho a me oferecer
que o tempo pode parar.

Onde estás?
Estás na lembrança,
nos sonhos mais íntimos
que sonhei acordado,
na flor mais pura,
no botão que vai abrir.

Estás sempre em mim,
única rainha e soberana
do meu coração!...

15/01/2008


POR TODA PARTE
Cedo demais...
num beijo, volúpia da alma,
os sonhos florescem
e o broto rejuvenesce
antes de nascer.

Tarde talvez...
para sentir com a razão
quando a emoção fez ninho
ao coração.

O tempo não importa mais...
na verdade, tudo o que não se traduza
em desejo e união de almas
não é digno de veneração.

Ah! Amar...
devanear na loucura da mente
que se torna sã num olhar apaixonado
e se revela púbere pelo ar,
simples simetria dos desejos,
anjos que pecam inocentes
no paraíso, em segredo.

Palavras?
Não mais.
O silêncio fala pelo coração
e provoca doce agonia
por consideração.

15/01/2008


EU-ESTRANHO
Perdi a vontade de tudo...
me abandonaste e a solidão machuca.
A vida perdeu as cores,
a dor encontrou brecha e ficou.

É tarde...
Preciso ir...
Não voltarás...
A esperança me deixou.

O amor às vezes fala línguas estanhas...

12/03/2008


O MUNDO SEM TI
Sem ti
nada faria sentido.
Sem ti
dize-me: o que seria de mim?

Andaria às cegas,
incriminaria o amor,
teria dias frios sozinho
pois sozinho eu sempre seria,
se não existisses em mim.

Sem ti
A vida perderia as cores.
Sem ti a flor da manhã
seria sempre murcha.

Falaria sem saber
das coisas que não vivi,
dos sonhos que nunca sonhei,
das alegrias que jamais provei
por não existires em mim.

12/05/2008

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Eterno pela palavra


ETERNIDADE
Quero deixar uma história,
ser eterno pela palavra.
Sim, serei eternamente eterno
por tudo o que ficar.

As palavras têm poder,
têm fascínio,
falam por si mesmas,
transformam corações
e podem mudar
o mundo,
o futuro,
a humanidade.

As palavras parecem de carne,
têm sangue,
são apaixonadas,
apaixonantes,
podem construir
e destruir.

Quero permanecer na história
pela palavra
por mais simples
que seja.

Assim seja.

(15/11/07)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Em comunhão com o outro

“Bom dia!”

“Como vai você?”

Estou com saudades!”

“Senti sua falta!”

“Precisa de alguma ajuda?”

“Você é muito especial!”

“Sua presença é muito importante!”

Conte comigo para o que precisar!”

“Eu amo você!”


Coloquemos a mão na consciência: quantas vezes já dissemos isso hoje? E nessa semana? E na semana passada? E nesse mês? E no mês passado? E durante esse ano? E durante toda a nossa vida?

Se você perdeu a conta de quantas vezes já usou essas expressões (com sinceridade e espontaneidade, não como mero formalismo), meus parabéns: você ainda sente num mundo que já se desacostumou a sentir e a se preocupar com o outro.

Se você coçou a cabeça e ficou tentando lembrar (buscando no fundo do baú esquecido da memória) a última vez que usou alguma gentileza ou se preocupou com o bem-estar do outro, alarme-se, preocupe-se: você está sendo cada vez mais consumido pelo mundo ultra-individualista e competitivo, que o faz pensar que o mundo está contra você e é preciso eliminar inimigos para ser feliz e vencer na vida.

Precisamos uns dos outros, precisamos criar laços de amizade, aproveitando ao máximo os momentos com as pessoas que amamos, olhando o outro nos olhos como alguém que também sente e precisa de carinho, de atenção, de cuidados especiais.



Nossa subjetividade também é muito importante, mas não podemos nos esquecer da riqueza do outro. Eu me torno uma pessoa melhor na medida em que me relaciono com o outro, deixando um pouco de mim com ele e levando um pouco dele em mim. Só aprendemos e ensinamos em comunhão com o outro.

Talvez um dia acordemos para a necessidade que temos uns dos outros.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Despertando...


Cala e esquece.
Consente.
Revolta-se.

Desmente
se preciso for.

Seja prudente,
inconsequente.

Canta, chorra, sorri.

Vive para si.

Espera,
segue adiante.


Querem te calar,
querem te matar,

querem te impedir.

Resiste.

A noite se foi.

A tempestade persiste.

Perde-se dentro de si,
na loucura, no devaneio.


Desperta
e acorda renovada.

Um mundo inteiro
se esconde do lado de fora.

Acredite, minha amiga...

Vive,
ama intensamente,
pois apenas isso nos resta,
apenas isso nos importa nessa vida.

(Paulo Avila, 25/08/2008)



Os caminhos e descaminhos do Amor



Ouço muita gente reclamando do amor.

Muitos se dizem insatisfeitos no relacionamento ou dizem até mesmo que o amor não existe.

Aí acabam preferindo ficar sozinhas... Muitas vezes por medo de se machucarem novamente.

Outros nunca amaram (ou nunca foram amados) e pensam que nunca vão encontrar alguém para partilhar a vida e olhar na mesma direção.

Solidão é o resultado da renúncia em amar, ainda que não assumam isso.

Amar e não ser correspondido – ou ser mal correspondido – é uma dor que deixa marcas por um bom tempo no coração.

A cicatrização dessas feridas é sempre um processo muito lento.

Como curá-las?

Com certeza, apaixonando-se novamente, abrindo o seu coração sem medo a um novo amor.

Aí dizem que o amor é imperfeito por causar dor e fazer tanto mal. Não acredito nisso. O problema, às vezes, é que nós é que somos imperfeitos e muitas vezes não sabemos amar.
O amor é o sentimento mais nobre, belo e perfeito que existe no mundo. Ele não se limita ao amor romântico: também serve de passaporte para outras experiências, como a compaixão, a solidariedade, a fraternidade...

E quando se encontra o verdadeiro amor, o coração bate mais forte, tudo fica mais bonito, a vida ganha novas cores...

O amor é o bálsamo que pode cicatrizar todas as feridas. Quando se acredita no amor, acredita-se também na vida, na humanidade, em Deus.

E quando se passa a acreditar em tudo isso, perde-se o medo de viver, volta-se a ter esperança em dias melhores, puros, especiais (ainda que simples). É como abrir a janela numa bela manhã e sentir o perfume das flores no jardim. Amar é assim.

Por muito tempo duvidei do amor, até o dia em que encontrei alguém que me fez novamente acreditar nesse sentimento. E com ela sou feliz e realizado.

Todo mundo pode viver um amor verdadeiro. Mesmo na mais bela flor há espinhos, mas basta ter cuidado e carinho, pois sentimentos como esse exigem de nós sensibilidade, respeito, dedicação e entrega.

O amor é o sentimento para os corajosos que sentem de verdade com o coração.


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Esperança entre incertezas


O amanhã parece incerto...

Mas mantenho viva a minha esperança.

Estou errado? Creio que não.

Logo as pessoas abrirão os olhos, as mentes, os corações...
Todos voltarão a sorrir. Serão simples, humildes e repletos de compaixão.
E o mundo será perfeito um dia. Será um grande mutirão de sonhos e realizações.

Basta cuidarmos do HOJE.

Destituídos


Estranho... Muitos não vivem. Sobrevivem de migalhas, de piedade e de hipocrisias alheias.

Andam pelos cantos farejando restos, implorando pelo que lhes deveria ser garantido por direito.

Sofrem resignados. Não têm mais nome nem dignidade. Vivem do acaso.

Pior: já nos acostumamos com isso, estamos com os corações endurecidos. A miséria e o sofrimento alheios nos causam indiferença. Para muitos causa asco, repugnância.

Tudo parece tão normal, comum, corriqueiro, sem importância...

É o fim do mundo, infelizmente. O início de um novo mundo egoísta.


DESTITUÍDOS
Antes era o nada.
Agora o nada nem mais existe.
Em mim pouco menos que o vazio
e o desejo ignoto de ser parte de um todo,
parte da humanidade,
parte dos cacos,
parte de nada.

Amanhã, talvez,
renasçam sonhos,
esperanças,
expectativas,
sociedades e filantropia.

Mas hoje só existe o aborto que é a vida,
o terrível engano de existir,
a tragédia dos doentes,
a farsa dos poderosos,
os cães e as crianças que farejam lixo.

Pessimismo é a palavra que me traduz hoje.
E com o pessimismo a vontade de nunca mais existir,
de regredir ao útero e descansar.

Ser sombra e não ser notado,
espectro doentio e ignóbil
no silêncio do porvir,
na quimera morta,
na irressurreiçao dos mortos.

Cega-me com as trevas;
emudece-me com as palavras soltas e bastardas;
promove meu declínio, minha falta de paz;
escraviza-me, mutila-me para sempre.

Estarei feliz assim.

(12/03/2008)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Aos tristes, solitários e desamparados


Muitos, neste exato instante, sentem-se tristes, solitários e desamparados no mundo.

Parece que seus dias são de plástico, perecíveis ao tempo. Perdem-se nas prateleiras, esquecidos, com validade vencida.

Parecem gastos pelo tempo.

Eu os compreendo muito bem.

Um sorriso de soslaio, uma flor oferecida com carinho, um abraço, uma palavra amiga, uma carta, uma forma de se sentir lembrado, de se sentir especial... Às vezes isso é tudo de que precisam.

Muitas vezes não conseguem nem mesmo chorar.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Aos desavisados pseudo-criativistas

Deserto ou disperso?

A confusão das palavras incompreensíveis enche meu espírito de torpor.

Quero gritar, mas tudo o que sai da minha boca é o silêncio sufocante.

Agonizando por dentro, um mundo inteiro ergue-se à minha frente do lado de fora da janela.

Estou oco.


Por isso preciso escrever...

Quem se importa com clichês? Eu não me importo, desde que haja sentimentos e sinceridade.

Ah... Então... Foda-se.

Ser brega por coincidência, por necessidade ou por sentir demais?

Não importa. Foda-se.

Apenas registro o momento. Entenda as entrelinhas e o meu suposto mau-gosto. Não sou como você, graças a Deus.

Fantoches pseudo-criativistas esperando ser radicais pela palavra ou pela originalidade. O que eu tenho a ver com isso?




Mas, na verdade, o que é ser original?

A palavra reciclada... revitalizada... novamente experimentada... regurgitada... Como uma borboleta na ânsia além-casulo.

(Repito ou renovo meus próprios clichês?)

Não entre, não leia se não gostar. Assino e assumo os riscos.

De resto, foda-se.

Algumas palavras...


O tempo...

Amigo ou algoz? Não sei. Não sei quase nada.
Mudei, mas ainda sou o mesmo, só um pouco mais velho.
Valorizo o que aprendi, o que vivi até chegar aqui.
Almejo apenas o hoje-semente e o amanhã-colheita.
O resto em mim são esperanças, sonhos e utopias.

(Paulo Avila)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Um pouco de nós em versos...


VOCÊ EM MINHA VIDA
Manhãs e flores,
sentimentos à flor da pele,
olhos que ofuscam,
brilham de amor.

Embriaguez dos sentidos,
lábios e paixão
palpitando o coração.

Fecho os olhos,
tudo se torna claro,
você existe em minha vida.
(27/02/2007)

DESCOBERTA
Acordei apaixonado
no limite dos sonhos
e pensei em nós dois.

Renovei-me de corpo e alma
e lancei ao mar as ilusões
que machucaram meu coração.

Descobri o amor em ti.
(28/03/2007)

SEM A LIRA DE ÁLVAREZ
Tu me fazes tão bem
que sou capaz de chorar
na volúpia da noite
introspectivo
ao lado teu.

Ninho que me aquece,
mágoas que se esquece,
símile euforia que une segredos
na eternidade efêmera da vida,
no amor a dois que enlouquece.

Morri duas vezes
e ressuscitei apaixonado,
deixei de lado Álvarez de Azevedo
e o meu espírito apegado à carne
selou o amor num beijo.
(03/05/2007)


FASCÍNIO
A cada verso que escrevo para ti
me vem a tua imagem
por entre flores
e borboletas multicores.

Estou fascinado –
tenho a tua magia por toda parte,
tenho o teu calor em dias de inverno:
tudo para mim é perfeito e terno.
(10/05/2007)

SALVAÇÃO
Sinto o tempo esvair-se,
a dor partir do meu peito.

Sinto o desabrochar da primavera
num simples sorriso teu.

O passado não me existe mais,
existem agora dois eus:
antes e depois de ti.

Salvaste a minha alma,
o meu coração antes machucado.

Trouxeste-me flores e a primavera
no outono constante de minh’alma.

E agora só existe o teu rosto,
só existe o teu amor como lírio
que brotou nos pântanos obscuros de mim,
sedento por ver a luz quando só havia lúcifer.

És o anjo da minha redenção,
sorrindo-me com o céu nas mãos
a me oferecer.

Agora só existo e floresço
onde estás!
(11/10/2007)


GRANDES MISTÉRIOS REVELADOS
Um balão-de-ensaio
lancei ao vento,
pelo ar.

Mostrou-me a direção,
levou-me a você.

Hoje não quero nada
mais.

Encontrei você
e agora o vento do amor
sopra leve e constante,
doce brisa,
tocando meu rosto,
murmurando segredos.

Ah, quando se descobre
o amor
revelam-se a nós
os grandes mistérios
do universo!...
(20/11/2007)

NUM SIMPLES VERSO
Que bela flor
brotou
do nosso amor.

Quanta beleza
existe
com toda certeza.

Tanta magia,
realeza
que irradia.

Num simples olhar,
lábios entreabertos
a murmurar.

Um desejo, um afeto,
sentimentos que não se explicam
num simples verso.
(20/11/2007)

SIMBOLOGIA DESNUDA
O céu, amante do mar.
A flor, amante do beija-flor.
A poesia, amante do poema.
A musa, amante do poeta.

Sou o mar e tu, meu céu,
deságua teu infinito em mim.
Sou o beija-flor, oh minha flor!,
e provo de quando em quando
a doçura de teu beijo.
Sou o poema, minha poesia,
e teu corpo e alma me inspiram.
Sou o poeta, minha musa,
o teu poeta apaixonado,
e todo amor por ti exprimo em versos!...
(20/11/2007)


SIMETRIAS
Uma rosa,
uma poesia,
teus lábios,
beijos e mais beijos...

Ah, não tenho como evitar
esse desejo que sinto
em te beijar!...
(15/01/2008)

QUANDO TE CONHECI
Quando te conheci
nem acreditei;
já nem sabia mais
o que era sentir de coração.

Quando te conheci
parecias nem existir
de tão rara,
de tão pura,
de tão bela,
eterna.

Quando te amei
vi na cumplicidade do olhar
que seria para sempre:
dois corpos e almas
traduzindo o amor,
tornando-se apenas um.
(15/01/2008)


DESABROCHAR
Estou inteiro novamente,
amante do amor
personificado
no anjo mais belo
que o sorriso revela
em flor e criação.

Repleto de desejo,
de pureza,
de sentimentos que inundam minh’alma.

Existo,
existes,
estás em mim
numa canção de vida
que alegra meu corpo.

Carne e platonismo.
Beijo e instinto.
Pétalas ao vento.
Segunda pele.

Desabrochando
perfumaste minha vida.
Teu corpo, meu jardim:
adormeço, provo, devoro,
sou novo, reitero o limite
saciado no teu infinito.
(12/05/2008)



A DOIS
Tantos sonhos,
tantos planos juntos:
nossa casa, nosso filhos,
nossa rotina, nosso amor vivo em nós dois.

Acordarei todos os dias com teus beijos,
pagarei contas,
dividiremos despesas,
amigos irão nos visitar.

Serás minha para sempre,
serei teu eternamente:
Nós dois num só coração,
entrelaçados pela paixão
que nunca se apagará.

A felicidade baterá todos os dias
à nossa porta.
Tudo será perfeito
como sempre imaginamos que seria.

Olharemos na mesma direção,
falaremos um ao outro até mesmo no silêncio.
Ouviremos nossas canções preferidas.
Mostrar-te-ei os meus grandes poetas,
e me falarás do mundo da informática.

Pediremos comida por telefone,
sairemos nos domingos de sol,
descansaremos sob a nossa árvore
despreocupados de tudo.

Voltaremos juntos do trabalho,
à noite conversaremos sobre o dia,
veremos um filme,
dormiremos nos braços um do outro.

Tudo será perfeito
como sempre imaginamos que seria!
(12/05/2008)

COMPLETUDE
Sinto em mim um desejo
de poeta adolescente,
acordando para o amor.

Sinto em mim delírios,
vestígios, saudade,
o teu perfume
por toda parte.

Faço assim dos meus dias
completa fantasia
em harmonia.

Apresento rosas
diante do teu altar,
provo da inocência
e de todo pecado.

Sonho acordado, fascinado
diante do teu mistério
em essência.

Nunca mais amargurado,
pela paixão transformado
no ângelus anunciado,
em pétalas eternizado.
(15/02/2008)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Um pouco de Ti em versos...



POR INTEIRO
Teu corpo,
santuário sagrado.
Teu colo,
salvação de minh’alma
sedenta por libertação.

Teu rosto,
docilidade e magia.
Tua voz,
pureza que acalma o meu ser,
devolve-me a paz.

Na fortaleza dos teus braços
tenho proteção,
sinto-me criança
sem pecado,
pensando em pecar.
(20/04/2007)

IRRADIANTE
O sol voltou em minha vida
e se constituiu puro e perfeito
no prelúdio de uma primavera.

E, por assim ser,
encontrei a preciosidade
em meio à futilidade da vida.

Irradiando beleza
apareceste para mim
única, bela e apaixonante.

Provei do amor além das estações,
como um beija-flor em desejo
amante da rosa no jardim.
(14/08/2007)


LONGE DE TI
Longe de ti
me vejo perdido,
barco em alto mar...

Meu amor, amor meu,
não tenhas medo de mim!...

Longe de ti
só há desatino,
enganos e pesar...

Meu amor, amor meu,
por favor, me ames até ao fim!...
(10/05/2007)

TUA VOZ
Tua voz
é doce melodia
que embriaga os meus sentidos
com encanto e poesia.

Tua voz
é tudo o que de mais belo existe,
é antídoto para um dia triste,
é a ternura do espírito.

Tua voz
é tão macia,
acalma a minha vida,
faz-me descansar.

Tua voz
posso ouvir no silêncio da alma,
mesmo na confusão do dia-a-dia
ou na monotonia do trabalho.

Tua voz,
ah, tua voz!...
nem sei como explicar,
é suave canção para o coração!...
(22/05/2007)

AMOR SEM VÉUS
Amo a tua pureza de anjo,
o teu sono em meus braços,
a tua luz dentro de mim.

Faço-te carinhos,
descubro segredos,
brinco com os teus cabelos.

Teu corpo,
tua pele...
meu santuário.

Sem véus
refletimos o amor
em nosso olhar.
(24/05/2007)


ENTREGA
Entregue às rosas
adormeço.

Um ninho,
um carinho,
um sonho.

Tudo parece ilusão,
mas tua presença
é real.

Me provoca,
me seduz,
me conduz.

És a luz da vida em mim,
radiando o meu jardim.
(11/07/2007)

SEM TI
Sem ti

não me importa mais nada...
Não me importam os dias
que já vivi.

Só me importam
esses quase cinco meses
em que tenho o teu amor,
a tua presença,
a tua vida na minha.

Sem ti
a vida fica cinza,
desbotada,
sem nuances,
sem luz.

Sem ti,
a vida é um imenso vazio,
as flores não têm perfume.

As pessoas que passam
não têm forma,

o mundo é
um grande e terrível vazio...

Sem ti tudo é triste
e sem brilho.
(11/07/2007)

ÉS TUDO PARA MIM

És o meu anjo
que me vela,
me protege,
me acalma,
me faz descansar,
sossega meu coração.

Preciso de ti
todos os dias, para sempre.

És o meu sol,

o meu céu
com estrelas que piscam
felizes.

És a lua
em todas as suas fases,
a paixão florida, doce
como a primavera.

És o meu amor,
meus sonhos de olhos abertos,
pureza e encanto,
magia e descanso,
fortaleza e recanto.

És a vida
que brilha alto,
radiante de beleza,
como flores no jardim,
perfumes de jasmim,
desejos sem fim!...
(11/07/2007)

VIDA ETERNA EM TI
Graça divina,
lábios macios,
espírito que me leva a repousar
no colo dos desejos eternos.

Registro o instante
nos rabiscos, nas entrelinhas,
nas curvas do teu corpo,
na cumplicidade da saliva.

Eternamente seu serei,
em delírios esperar-te-ei.
Morrerei? Jamais!
Tens conforto e a vida eterna.

Chamo-te Amor.
(11/10/2007)

DIVINDADE
Eternamente
consente
em mente.

Imanente
em mim
por todo
sempre.

Querente
crente
num culto
à divindade.

É flor
anjo
arcanjo
Serafim.

É tudo
para mim
é vida
que instiga
que provoca
que enlouquece.

É frio que aquece
fogo que arrepia
alma e coração
corpo e sedução.

É tudo e muito mais
na loucura
no delírio
no toque
nos lábios
em salvação.
(15/02/2008)


MEU AMOR...
Quero-te em meus braços,
Ver-te dormindo em silêncio,
Acariciar-te os cabelos,
Beijar-te os olhos, o rosto.

Quero-te eternamente,
Tão de repente
E me ver em desejo
Ardente.

Quero-te, meu anjo,
Minha donzela,
Minha menina-mulher.

Quero-te num beijo,
Na união dos corpos,
Num sorriso suave.

Quero-te numa canção,
Num poema,
Numa flor.

Quero-te com paixão,
Com carinho,
Com amor.

(17/07/2008)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Um pouco de mim em versos...


PLURALIDADE
Procurei-me
despido de fugas
e aparências

encontrei-me
no íntimo de mim
disposto a sussurrar
à minha própria consciência

eu sobre mim

diversificando-me
vasta e monotonamente

multiplicando-me
na pluralidade
do meu eu
(2006)

PARADOXOS
Sou de toda parte
e de lugar nenhum;
estou fora de mim
e dentro do mundo afora.

Sou como folhas amarelas
em ramos secos;
sou como o sol triste
numa tarde nublada.

Estou em tudo e em nada
ao mesmo tempo;
fora de compasso
e suspenso no espaço.
(2006)



TENHO DIAS
Tenho dias em que sou do mundo
e outros em que sou só meu

Tenho dias em que sorrio
e outros em que choro

Tenho dias em que grito
e outros em que silencio

Tenho dias em que amo
e outros em que desamo

Tenho dias em que faço tudo
e outros em que deixo tudo por fazer
(2006)

DESNUDO
Nada sei do mundo,
quase nada sei de mim,
só sei que o meu coração
é um tolo apaixonado.

Nada sei da vida,
sou ainda muito ingênuo para saber,
mas sei que tenho um sentimento
que não posso ignorar.

Nada sei do amor,
mas apesar de tudo amo,
amo como um louco
sem ter como evitar.
(2006)



NO SILÊNCIO
Silencio a alma,
entrego-me ao abandono
na paz vazia,
na solidão tardia.

O vento me acalma
na tarde cinza.

Será que enlouqueci?
(2006)

PLÁGIO
Tenho tantos sentimentos em mim
que às vezes quase me convenço de que sou sensível.
Não sei bem ao certo o que estou sentindo.
Acho que estou apenas plagiando Pessoa.

Todo poeta é um ladrão de idéias, romances,
pensamentos e dramas afetivos.
Não sou exceção.
Na verdade, nem poeta eu sou.

Apenas cato versos no lixo da consciência alheia
sem dar ao trabalho de reciclá-los.

Vivemos como flores daninhas na lama.
(30/01/2007)



DELÍRIOS DO POETA APAIXONADO
Aflora em mim o odor agonizante
da paixão entorpecida
como flor recém nascida
à espera do beijo do beija-flor.

Sem abrigo, aparentemente exposto,
desbravando segredos do coração.
Na timidez das palavras,
metáforas inocentes,
algumas pétalas, versos-borboleta.

Na insensatez, a delicadeza de um toque,
a pele reveste o corpo de mistério.
Sigo obstinado como o girassol,
amando entre nuvens.

Sinto e escrevo.
Pareço brisa leve na primavera
brincando no rosto da menina,
como num sonho maravilhoso
do qual não se quer mais acordar!...
(14/03/2007)

IMPRESSÕES
Sou homem-criança-adulto-menino
que o tempo tratou de enrugar
sem deixar perder a inocência.

Ao olhar o baú das recordações
vi tanta coisa que fiz
e tantas outras que deixei por fazer.

Hoje meu olhar parece mais triste,
mais sóbrio, consciente dos sonhos
que podem sair à luz e dos que devem ficar
guardados na escuridão da alma
por tempo indeterminado.

A vida é azul com tons cinza
entre um dia e outro de glória e decadência.
Não me importo com as palavras
que não vêm do meu coração –
isso já não me machuca mais.

Dou ainda meus primeiros passos
como um eterno aprendiz da infância
e não acho isso tão pouco assim.

Se eu pudesse voltar atrás
talvez não seria mais feliz,
mas nada sei do que existe,
só posso falar do que sinto.

Não há consenso em mim,
sou vários, múltiplo indivisível.
Minha metamorfose constante
me permite ver o mundo por diversos ângulos.

Sou assim,
excedente dos excessos,
único, diversificado em fragmentos frágeis.

Vazio, quase triste, pleno,
sensível no concreto e nas ilusões,
no olhar de menino que perdeu a inocência.
(15/05/2007)


PROCURA-SE
Ando à espreita,
à procura de mim.
Não me encontro.
Onde estou?

Procurei no desabrigo,
na lama,
nos lírios mortos.

Não me encontrei.

Estou por aí,
espalhado por toda parte,
bem longe de mim.
(15/11/07)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Subjetividade do eu-lírico







Se eu fosse um poema, com certeza seria romântico-modernista com versos brancos e livres.

Se eu fosse uma canção, seria um misto de Legião Urbana, The Smiths e Radiohead.

Se eu fosse um filme... Ah, não sei... Talvez seria um daqueles em preto-e-branco de Chaplin.



Uma peça de teatro com as cortinas fechadas e uma pequena platéia. Um dia nublado, com raios de sol furtivos aqui e ali. Uma noite numa mesa de bar, num lugar estranho, solitário, à espera de ninguém. À espera de mim mesmo.

Queria encontrar palavras para me definir.

Desisti logo em seguida: sou indefinível. Tão simples e ao mesmo tempo tão complexo que nem eu me compreendo às vezes.

Sigo impulsos, fases da lua, leio horóscopo raramente, mesmo sem acreditar. (Talvez por isso eu prefira os livros.) Sou ariano, aprendo com os erros. Teimoso ao extremo. Sensível e tímido.



Meio roqueiro, meio poeta, meio nada disso e um pouco mais. Um eu-lírico versificando idiossincrasias e subjetividade, com vícios e figuras de linguagem, fabricando e reciclando palavras soltas ou nas entrelinhas do coração e dos sentimentos que pairam por toda parte.

Sou assim mesmo. Será difícil de entender?

Demorei muito tempo para me aceitar assim como eu sou, com meus defeitos e meu modo de pensar. Hoje não abro mão de ser assim, seja como for, doa a quem doer.

Aprendo a ser eu mesmo a cada dia. É um aprendizado constante e muito importante para mim. Não quero ser como os outros ou como querem que eu seja. Respeito-me e isso basta. Respeitem-me e estarei satisfeito.

Só aprendemos a ser quem somos com o tempo... mesmo que demore uma vida inteira.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Estado de espírito

O sol voltou hoje.

E assim tudo fica mais bonito, mais alegre... A praça está colorida, repleta de crianças, jovens, idosos...

Todos parecem tão felizes, realizados... Sinto que o dia foi feito para dada um deles.

Mas, apesar de toda essa perfeição que me ofusca a alma, hoje me vejo triste, desanimado de tudo, com um aperto no coração, sem vontade para nada.

Às vezes parece que a vida cisma em ficar do avesso, paradoxal ao meu estado de espírito. (Ou sou eu que estou do avesso?)

É quase sempre assim...























EU EM MIM
Senti-me triste,
meio do avesso,
mais imperfeito,
menos ponderado,
feito de incertezas,
preso ao passado,
solto pelo ar,
diante de tudo,
distante de mim.
(2006)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Um poema para cada momento





Acredito que exista um poema para cada momento da minha vida.

Escrever, na verdade, é um misto de prazer / obrigação / necessidade.

Escrevo meus versos para me sentir vivo, para poder respirar melhor, para lembrar que a vida existe, para me sentir aliviado, para continuar acreditando que é possível sonhar.

Selecionei alguns dos poemas de que mais gosto ou que, pelo menos, nasceram de uma necessidade minha de expressar algum desejo, algum sentimento bom ou ruim, para deixar transparecer o estado da minha alma.

Por que faço isso? Sinceramente não sei. Apenas escrevo, sem me preocupar com rimas ou métricas, movido pela paixão e pela emoção que as palavras me proporcionam.



1. O poema abaixo escrevi num momento de raiva; é uma resposta às pessoas que esperam muito de mim, que me bajulam para conseguir algo ou que me criticam por eu ser como sou. Tenho a minha individualidade e não tenho vocação para santo.

ADEUS, CONVENIÊNCIAS!
Não tenho medo do que sou,
do que ainda desconheço em mim,
das utopias que criei à minha volta
somente para agradar aos outros.

Não sou anjo,
não sou santo,
não sou o que pensam,
aprendi a ser falso em casos de emergência,
me faço sensível apenas para escrever.

Já disse: tirem de mim esse invólucro que não pedi.
Não me façam um ser acima de qualquer suspeita,
sou réu e condenado até me provarem o contrário.

Tirem-me as amarras que me prendem às tradições,
não quero ser juiz e voz ativa em todas as ocasiões.
Não preciso de fatos e álibis,
não preciso de gente falsa atrás de mim
sorrindo e dizendo que eu sou importante.

Sou especial para mim e isso me basta.
Se eu deixar de existir haverá ao menos
uma inscrição em minha lápide
que ainda não escolhi.

Escolham, façam o que bem entenderem
quando eu não estiver mais aqui.
Não me importo com o que fizerem para mim.

Adeus, conveniências!

20/10/2006



2. O próximo poema fala de um momento de solidão, de me sentir uma gota d’água na imensidão do oceano. Engraçado que gosto muito da palavra “cinza” nos meus poemas. Uma amiga minha até brinca comigo sobre isso.

MUNDOS E DESMUNDOS
Cinza é a vida
quando incompreendida;
parece solitária e incapaz
diante da violência humana.

Eu entendo códigos,
reflito pesares,
destruo preconceitos.

Mas mesmo assim tudo parece
tão pouco.

Vozes gritam em silêncio,
sorrisos choram,
máscaras alegres escondem
uma tristeza carnavalesca.

Eu me faço assim,
entre mundos e desmundos:
cosmopolita;
eremita;
pacifista;
franciscano;
tibetano.

Um pouco de mim
em tudo e em nada.

Mas mesmo assim tudo parece
tão pouco.

E pelo mundo
canto os desenganos,
as imprudências,
as esperanças que brotam
entre os espinhos.

23/10/2006.



3. Mais solidão e reflexão dolorida sobre a vida:

ESPÍRITO LIVRE
À procura de um amor,
à procura de paz,
à procura de mim.

Perdido em sonhos,
devaneios,
meio disperso,
espalhado pelo mundo.

Como vento,
folhas levadas pelo destino,
fruto à véspera de amadurecer,
larva no casulo esperando nascer.

No escuro
aguardando amanhecer,
entre lágrimas verdadeiras
em busca de um futuro.

Nasce o dia.
Estou vivo.
Atento.
Ferido.
Amante latino do mundo.

Entre o beijo e o acaso.
Entre a fé e o descaso.
Entre o amor e a amizade.
Entre a perda e a saudade.

Eremita,
caminhando sem destino
entre os escombros do dia-a-dia.

Viver é o bater de asas de uma borboleta
na descoberta além casulo.

Nada mais que isso.

27/11/2006



4. Bem, eu disse que gostava de usar a cor “cinza”...


CINZA
A chuva que cai
me deixa introspectivo.
A saudade deixa em meus lábios
um gosto diferente.
Parece lágrima.

Perco-me na ilusão cinza da vida.

12/01/2007


5. Até que enfim um poema mais otimista:

GERMINANDO
Há vida através dos meus olhos
que perpetuam a beleza das flores murchas.
Há um dia maravilhoso diante de mim
que ainda desconheço.

Cresço a cada dia.

18/01/2007



6. Quando encontrei o amor da minha vida, não parei mais de escrever poemas de amor. A “culpada” por tudo isso chama-se Silvana. Este é um dos que mais gosto:




TUA PRESENÇA
Perco-me pelo ar,
fico a pensar
na pureza do teu olhar.

Tem tanta magia,
ternura e calor
que me vejo a sonhar!...

Fico em silêncio
diante de uma suave canção:
tua voz a me acalentar.

Preciso de ti,
da tua presença,
do teu sorriso em flor.

Quero eterno esse instante,
esse momento especial
ao teu lado.

Quero a tua mão na minha,
quero ver o tempo parar
diante de nós.

E assim sonhar,
quem sabe dizer,
tudo o que sinto por ti!...

21/01/07


7. O poema abaixo é resultado de um acontecimento triste que vi no telejornal.


SENTIMENTO
Sinto-me impotente diante das tragédias da vida,
diante das pessoas sofridas que caminham sem destino
à procura de dias melhores,
de um sorriso de compaixão,
de calor humano e atenção.

Sinto-me um na multidão,
na geleira dos sentimentos dos que vão e vêm por aí
com as suas fisionomias cinza e sem vida.

Sinto-me morto por dentro
enquanto todos estão mortos-vivos para o mundo
e não se dão conta disso.

Sinto-me eu mesmo,
e sangro,
sofro,
sozinho
em desvario.

Sinto-me vazio
num mundo sem sol,
sem vida, sem perspectivas,
com flores de plástico
na sacada dos prédios dos suicidas
e das crianças tristes que não podem brincar lá fora.

É perigoso, sinto muito.
Sinto.

Viver é pior que sentir.
Não entre na contramão,
é perigoso.

Sinto muito.
Sinto.

É um sentimento que se universaliza
em meu eu-lírico alucinado e esfarrapado.

Sofrimento em massa,
anestésico,
ópio do povo,
carnaval em tempo real,
miseráveis felizes alienados.

Estamos sem destino.
Sinto muito.

Sinto.
Sinto.
Sinto.

03/05/2007


8. A vida é feita de lutas e de beleza, apesar das dificuldades:


DIA APÓS DIA
O tempo,

a vida,
a luta
de cada dia.

A esperança
que enobrece a alma,
a fé
que não abala,
os sonhos
que não são apenas ilusão.

A força que se tem
diante da queda,
da dor,
do fracasso.

As vicissitudes,
os percalços,
as derrotas.

As lições da vida,
a aurora do novo dia,
a superação.

A vontade de crescer,
de vencer,
de agir,
de voar,
de gritar
e se libertar.

Ser feliz, enfim...

Mas que seja perto de ti.

11/07/2007




9. Acho que uma das coisas que faltam ao mundo é a empatia. Sentir a dor do outro é muito mais do que ter pena...


EMPATIA
Quero chorar a dor dos que sempre perderam,
dos que nunca foram felizes sem máscaras,
dos mortos em tragédias,
dos desvalidos em miséria,
dos que se esqueceram de sonhar
ou passaram em branco pela vida.

Quero chorar a perda dos que morreram
antes mesmo de terem nascido,
a perda dos que sobrevivem de nada
e se alimentam da covardia e indiferença alheias.

Quero chorar minhas lágrimas
e pedir perdão aos que têm os seus direitos negados,
aos simples e humildes de coração
jogados pelos cantos,
condenados ao silêncio
e à exploração.

Almas de cimento enfeitam a cidade fria.

08/08/2007



10. Hoje é o dia certo de dizer a quem amamos o quanto elas nos são importantes. Amanhã pode ser tarde demais...


SE EU SOUBESSE QUE MORRERIA
Se eu soubesse que morreria hoje
rasgaria todos os meus rascunhos,
deletaria arquivos,
deixaria o quarto arrumado.

Talvez deixaria mal escondidos
alguns versos que chamo poemas,
para que me fizessem sempre lembrado,
que fizesse alguém chorar de saudade.

Diria mais vezes “eu te amo” para a minha namorada
e pediria perdão pelas vezes em que a fiz sofrer;
me reconciliaria com meus inimigos
e diria o quanto meus amigos são especiais.

Abraçaria em lágrimas minha mãe
grato pelo amor incondicional
que a mim devotou a vida inteira.

Daria mais atenção ao nascer e ao pôr do sol,
buscaria na simplicidade da vida o essencial,
mesmo que eu não tivesse mais tempo para isso.

Escreveria em pouco tempo um breve resumo da minha vida
e o lançaria ao mar numa redoma de vidro;
talvez alguém pudesse ler e, assim,
me tornaria eterno.

Se eu soubesse que morreria hoje...
Ah, faria tudo o que nunca fiz
e nesse pouco tempo que me resta
me sentiria feliz por ter vivido a minha vida
e sentido com o coração cada instante que é
esse milagre de poder respirar
e enxergar beleza por toda parte
tendo feito assim tudo valer a pena.

08/08/2007


11. O amor é o bálsamo para o meu coração, para a minha alma, para toda a minha (nossa) vida.


EM UNIÃO
Há tanto conforto nos teus braços,
há segredos nos teus lábios
que ainda hei de revelar
nos beijos, no desejo,
no sentido mais profundo
entre a razão e a emoção,
entre o amor e a paixão.

Há tanto sonho em ti
que tenho até medo de dormir,
perder-me, perder-te,
esquecer quem sou ao despertar.

Há tanta graciosidade no teu rosto,
tanta beleza no teu corpo,
no teu toque,
que morro em ti,
renasço,
alcanço o nosso céu particular.

Há felicidade prometida e realizada,
há sinais no olhar
que falam pela boca,
exprimem, exigem prazer,
muito mais que o limite,
excesso, excedente, novamente.

Há dedos, mãos, união,
há beleza imaculada que não se perde,
há noites serenas, tempestades amenas,
pensamentos, direções opostas que se encontram.

Há o que há e o que deve haver
em mim, em ti, em nós,
sem nós, sem medo, sem pecado,
fúria acalmada, amálgama,
no corpo, na alma, no coração.

Entrelaçamo-nos opostos em sintonia imediata,
rendo-me, presto culto à tua divindade,
dividido em dois, em três, em quantos mais
até o dia em que nosso amor acasalado
explodirá sem casca, em gozo, em paz.

E dentro de nós só haverá nós dois.

11/10/2007



12. Um pouco de auto-estima e desejo de seguir em frente, de vencer barreiras.

DE PASSAGEM
Parem tudo, por favor:
parem as guerras,
parem as discussões,
parem as vozes confusas,
parem tudo.

Estou passando.

15/11/07



13. Um poema adolescente de um homem nos seus trinta anos. E quem disse que o amor é um sentimento de pessoas maduras?


A PRIMEIRA VEZ
Pudico,
atento ao olhar.
Tímido
com as mãos trêmulas
nas tuas.

Ah,
nunca esquecerei
a primeira vez que te beijei!...

20/11/2007



14. Muitos têm a sua vida desrespeitada em seus direitos básicos...


EXCLUSÃO
Sou fragmento.
Excremento.
Vários e ninguém.
Muitos e nenhum.

Sou feto.
Aborto.
Folhas secas
sem destino.
Coração
em silêncio.

Sou o grito
da alma.
O medo
do claro.
A companhia
solitária.

Sentença.
Culpado.
Sem defesa.
Sem direito.
Morto.

12/03/2008



15. Silvana... Ah! Sempre Silvana!


ESTADO DE GRAÇA
Quero-te
como o cego quer a vista.
Quero-te
sedento, por toda a vida.

Quero-te
com a alma renovada,
o coração mutilado,
a razão despetalada.

Quero-te,
perfume do meu jardim.
Quero-te,
minha flor, meu jasmim.

Na alvorada, ao pôr-do-sol,
uma eternidade apreciada pela janela.
Ao teu lado, mais que perfeita,
a tua beleza com simplicidade se esmera.

Sonhar assim é tão real,
profundo como o teu olhar,
encantador como o teu sorriso
que se faz sem mistérios, ao luar.

Quero-te
até ao fim.
Quero-te
em mim.

Quero-te
bem assim:
inteira, bela,
meu querubim.

Quero-te
na plena saudade,
no descuido do sol,
em liberdade.

Agora, no instante que vem
e nunca mais será,
na essência
que sempre vai germinar.

És musa e deusa que me enlouquece.
Desperto, meu corpo transcende
à tua voz, ao teu perfume de mulher.
A alma, em estado de graça, consente.

15/05/2008




16. O amor me veio como num milagre, como uma rosa que brotou num terreno seco. Logo para mim, um ex- niilista do amor.

CAMINHADA
Ferir-se
quando o amor deveria ser solução,
quando ainda deveria haver salvação.

Seguir,
por mais difícil que seja,
por mais que os pés cansados
pensem em desistir.

Longo caminho,
longa espera,
sonhos atrofiados na alma.

Carente de tudo,
até mesmo de mim,
iludido pelos espinhos da roseira...
Mas cadê a rosa?

Já pensando em morrer,
resignado do mundo,
nasceu a mais bela rosa
que agora cuido com carinho
e jamais quero perder.

Sou mais que feliz
E, após longos trinta anos,
experimento o que sequer imaginei
ser ao menos possível existir.

O amor me veio como o sol
num dia cinza e triste
E agora mora em minha vida,
em eternas tardes azuis
e noites de lua cheia.

Se a rosa tem um nome
não é segredo,
pode ser Redenção,
mas prefiro chamá-la
Perfeição.
15/05/2008


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Os Jogos Olímpicos e a sua simbologia

Hoje os Jogos Olímpicos foram oficialmente abertos.

As pessoas mais uma vez presenciaram uma grande festa, repleta de colorido, sorrisos, empolgação, alegria, vida e o orgulho que cada esportista tem em defender o seu país.

A busca por medalhas, o encontro entre as nações parece ter um único objetivo: vencer. Mas acredito que, nas entrelinhas dessa competição, há um simbolismo muito mais importante do que simplesmente ganhar uma medalha, o qual permeia as relações e muito pode contribuir com a coexistência da humanidade: a união e o respeito entre os povos.



Sim, nas Olimpíadas deparamo-nos com algo muito especial, que é a diversidade cultural, étnica e social. Pessoas de diferentes mundos, religiões, estilos de vida e costumes confraternizam, mostram que é possível conviver e respeitarem uns aos outros.

Podemos aprender muito com isso e levar essa experiência do outro (estar com o outro, aprender com o outro, aplaudir o outro, dar as mãos ao outro, amar o outro), por mais diferente que ele seja de mim e da minha visão ideológica / identitária.

O sentido de alteridade precisa ser revitalizado entre nós – o outro é importante e pode me ajudar a ser melhor, pode me ajudar a caminhar, pode me ensinar muitas coisas.

No entanto, sabemos que a realidade é muito diferente. Vejamos o nosso mundo: quantas guerras e violências seriam evitadas se cada um aprendesse que o respeito às diferenças é o que torna o nosso mundo mais belo e mais rico!

A intolerância e o desrespeito são forças que movem o ser humano. Ser negro, mulher, homossexual, pobre, indígena é carregar consigo um estigma social, que muitas vezes causa dor e desespero. Se você é diferente, se pensa diferente, se você pertence a grupos diferentes (chamados de minorias – que não são tão minorias assim em nosso país), se professa uma religião diferente, então você é considerado inferior e sofrerá as conseqüências por não ser tratado como cidadão. E assim a nossa sociedade ganha em exclusões, preconceitos, violências físicas e psicológicas.
Vivemos tempos loucos. Tempos de desespero, de neuroses, de intolerâncias à flor da pele. O diálogo cedeu lugar aos gritos, aos preconceitos, às bombas, à violência...

Não podemos nos acomodar; é dever de todos nós banir toda forma de preconceito, mostrando assim que o mais importante é a essência de cada um, os valores que cada um traz consigo, o direito de viver, de ser livre, de ser respeitado. O direito que cada um tem de ser feliz.
Vejamos os Jogos Olímpicos e aprendamos a torcer. A torcer para que a vitória da fraternidade, da convivência pacífica e da união entre as diferenças (étnicas, sociais, culturais, religiosas, sexuais) seja um espelho para as nossas relações humanas.

Afinal, somos todos diferentes, mas iguais em direitos e deveres.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Infância


Um dos momentos mais felizes da minha vida – e acredito que também seja o de muitas outras pessoas – foi a minha infância.

Sinto saudade de quando eu era criança, dos passeios com meus pais e minha irmã na Quinta da Boa Vista, no cinema, no parque de diversões em Marechal Hermes, enfim, em mil e um lugares que nós íamos aos finais de semana.

Era tão bom poder jogar bola com os coleguinhas, inventar mil e uma brincadeiras, correr, gritar, ser autêntico. Quando se é criança os dias são todos bonitos, tudo é perfeito, tudo é engraçado, tudo é como num filme mágico. O único compromisso mais sério que uma criança tem é ir à escola.

Ser criança é bom demais! Infelizmente é uma fase que passa rápido e logo nos deparamos com as responsabilidades da vida adulta.

Tornamo-nos chatos, ranzinzas, intolerantes com as crianças, críticos dos adolescentes... Na verdade, todo mundo sente raiva de ter perdido um tempo que nunca mais voltará e, por isso, sente inveja das crianças...

Infelizmente crescemos e aprendemos a mentir, começamos a relacionarmo-nos com quem não gostamos, usamos de todos os artifícios para dar-nos bem, não temos mais tempo para os nossos amigos e nossa família... Só pensamos em trabalhar, trabalhar e trabalhar.

O ideal seria que guardássemos a essência da infância dentro de nós. Assim não nos irritaríamos tão facilmente, não perderíamos o tesão pela vida, o ímpeto, a sinceridade, a amizade sincera, o desejo de fazer de cada dia um momento especial.

Talvez um dia, quem sabe, consertemos esse mundo caótico e aprendamos a aproveitar mais o nosso tempo, a fazer as coisas de que mais gostamos, a andar sem pressa, a sorrir mais, a tomar banho de chuva, a andar descalço no quintal quando der vontade...

Enquanto esse dia não vem, ficamos dependentes de um envelhecimento precoce moral e psicológico, vítimas inveteradas dos calmantes, antidepressivos, remédios de dor de cabeça ou de pressão alta, dos enfartos, dos derrames... Vamos inventando, produzindo e colecionando doenças, porque é importante não parar nunca, produzir como uma máquina, ser o típico cidadão capitalista respeitado pela sociedade (e cada vez mais estressado, doente, neurótico, deprimido, ansioso, nervoso, com um sorriso falso nos lábios e querendo matar todo mundo ou se matar na primeira oportunidade).

Ainda há tempo de recuperarmos a infância perdida. Basta sermos autênticos, aproveitando ao máximo o tempo que ainda nos resta.
Quem nos disse que tempo é dinheiro mentiu feio!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Amanheceu...


O texto que acabei de postar (Um pouco triste), na verdade, deveria ter sido postado ontem à noite. Tive um problema com a Internet, que me impediu de publicá-lo. Por isso estou publicando-o hoje pela manhã.

Sentimento passado ou reciclado? Palavras já ultrapassadas? Não sei.

O que sei? Bem, hoje é outro dia e está nublado. Parece que vai chover.

Só isso eu posso falar com certeza. O resto são suposições e imprevistos, estados híbridos da alma que nos confundem na promiscuidade do sentimento.

Por fim... O poema abaixo foi escrito há mais de um ano, quando me sentia um pouco desanimado com a vida e comigo mesmo. Não sei se ainda sou eu, mas assino embaixo tudo o que está ali. Afinal, faz parte de mim, do meu crescimento, do meu aprendizado, das minhas dúvidas (quem não as tem?), do angustiante processo que é amadurecer, mesmo já tendo chegado à idade adulta.

No fundo, somos todos eternos adolescentes aprendendo com os próprios erros, tentando superar os problemas de cada dia, buscando um lugar ao sol, querendo tão-somente viver e ser felizes.


HOJE
Hoje estou desanimado e queria que o mundo acabasse.
Essa possibilidade me enche de alegria
e me traria um alívio incomensurável.
Pensar me cansa e me causa um pesar insuportável.

Não quero ver pessoas, não quero ouvir vozes
que mais se parecem lamentos...
Lamentos como os meus,
mas ao menos são meus
e, por serem meus, posso suportá-los.

Hoje não quero viver.
Talvez se eu tirasse férias de mim
eu me sentiria bem mais feliz.

Quero viver somente amanhã
se eu estiver bem disposto,
hoje não.

Hoje não quero viver.
(29/01/2007)


Um pouco triste

Hoje estou me sentindo um pouco triste, nem sei por quê.

Ficar triste é um sentimento estranho, ainda mais quando não se tem um motivo aparente para sentir-se assim.

De onde eu trabalho fico a olhar pela janela e tudo me deixa mais introspectivo: as pessoas que passam, o vento que balança as folhas das palmeiras, as nuvens que insistem em encobrir o sol e deixar tudo mais triste, o tempo que passa diante dos meus olhos...

Sinto um aperto no peito e queria que esse dia acabasse logo. Queria poder tirar férias de mim, fechar os olhos, hibernar por alguns meses e acordar renovado em espírito e coração.

Não sei mesmo por que estou triste. Ainda não li as reportagens trágicas na Internet. Os telejornais ainda não expuseram as feridas mal curadas da sociedade ou mais algum assassinato covarde. Nenhuma criança foi jogada da janela ou estuprada. Não ouvi nenhuma canção triste que poderia deixar meu coração enternecido.

Nada.

Não sou triste. Estou triste. E isso logo passa.

A chave da busca pela felicidade? Está, com certeza, nas coisas mais simples da vida.

Basta ver o sorriso de uma criança. Abraçar a minha mãe e sentir o seu carinho por mim. Ver a minha noiva, beijá-la com amor e a ouvir dizer que me ama. Encontrar meus amigos e sentir o calor humano que emana de cada um deles. Ler um bom livro. Admirar um jardim florido, o pôr do sol, a lua, o céu estrelado... Sentir-me útil ajudando alguém ou fazendo algo de bom.

Enquanto isso, refugio-me nas palavras, entrego-me ao silêncio, medito tudo o que estou sentindo no meu coração e, assim, sei que poderei produzir novos sorrisos, modelar novas esperanças, como a árvore seca é capaz de renascer num milagre e produzir flores e frutos.

Quero chuva no terreno que está seco. Quero vozes carinhosas após um dia cansativo de trabalho. Quero voltar para casa e descansar no colo do meu amor. Quero ir para a cama e dormir despreocupado. Quero sonhar com dias melhores e acordar querendo abraçar todo o mundo, com a alma límpida e renovada.

É preciso transcender. A semente só vinga quando morre, lançada ao solo das esperanças. Rosas são o sacrifício da semente.


Vontade de chorar? Eu? Só um pouco. Mas chorar nem sempre é sinal de tristeza decadente. É mais um sinal de que eu sinto e estou vivo num mundo louco e indiferente que já se esqueceu de sentir.

Almas e corações de cimento por toda parte... Por isso não choram. Mas eu não quero ser assim: sou de carne, osso, sentimentos e coração.

Acostumei-me com as noites de tempestades. Mas logo amanhece e vem um belo dia de sol.

É sempre assim.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Pensando sobre o tempo

Gosto de pensar e escrever sobre o tempo.

O tempo é um ser sem rosto, sem forma, mas parece racional. Sim, parece ser de propósito o que ele nos faz: a sensação de saudade, de perda (de pessoas queridas, da juventude, de algo que parecia ser eterno), de dor que ele nos causa não parece coisa de quem não sabe o que está fazendo.




Sou uma pessoa muito nostálgica. Não é raro ver-me pensando em um tempo distante, num acontecimento remoto, num sonho que não realizei, numa notícia que me fez feliz (ou infeliz), nas vezes que sorri e que chorei. Nunca me esquecerei dos passeios com meus pais e minha irmã ao cinema e ao teatro, do show da Legião Urbana que fui em 1994, do dia em que fui com meu pai ver o jogo do meu Fluminense no Maracanã (com sete anos, bandeira em punho), das vezes em que errei e que acertei...

As lembranças multiplicam-se na minha mente...

O tempo é algoz, muitas vezes machuca o coração, mas também aprendi (aprendo) muito com ele. A maturidade é inevitável e só se torna possível com o tempo. Olhar para trás e pensar em tudo o que fiz me faz ver que não perdi tanto assim. Ganhei muito também.

O mais importante é caminhar; cada um faz o tempo do seu jeito. Ficar parado é se conformar com a vida como está, é resignar-se quando a situação exige de nós uma mudança.

O tempo, na verdade, só existe por causa de cada um. O tempo precisa de mim, de você, de todos nós. Nós fazemos o tempo. Os imprevistos podem mudar planos, levar pessoas, desviar projetos, mas é nosso dever tentar construir, semear, colher, tirar de cada situação um aprendizado.

Deus lá sabe o que acontecerá; infelizmente (ou felizmente) não nos foi dado o dom de saber do futuro. Resta-nos avaliar o ontem, trabalhar o hoje e preparar o amanhã, ainda que tudo seja incerto.


DESABRIGO
No tempo sinto a calma.
Na prece a Deus almejo o infinito.
Na solidão da alma, o silêncio.

Nas voltas e revoltas, o porvir.
Nas idas e vindas, o regredir.
Nos ideais, o coração.

Em mim, tua presença
embora ausente,
o abrigo insuficiente.

E no destino que traçamos
a verdadeira arte
é tão-somente viver.
(2006)

DEVANEANDO...
Tantos momentos vividos,
tantos dias passados,
tantos sonhos esquecidos.

Ainda assim olhares cruzados,
alguns destinos traçados,
algumas vidas abandonadas.

E no fundo de mim,
algo chamado amor,
inconseqüência da paixão.

Sono infundado,
despedidas amargas,
desejos incontidos.

E perto do fim
o início de mim,
regresso da alma.
(2006)

COISAS DO TEMPO
Tem tempo que o tempo passa
por aqui.

Tem tempo que o tempo me deixa
com um aperto no peito
e com um nó na garganta.

Tem tempo que o tempo é promíscuo
assim como o vento que venta
onde quer.

E tem tempo que o tempo se vai
e me deixa ficar
sem nada me falar.

Ah, são coisas do tempo!...
(2006)

PENSANDO SOBRE O TEMPO...
Às vezes parece que o tempo
vem com o vento,
e tem vez que o tempo
fecha com a chuva
de passagem.

Há tempo de ser criança,
de soltar pipa pelo ar
(pedaços de cores diversas
enfeitando o céu de verão)
como os sonhos que a gente sonha...

Há tempo para se ter tempo
e para se desperdiçar à toa;
há tempo que o tempo não passa
e se fica nervoso por nada.

Às vezes o tempo voa
e nem se vê passar...
Às vezes o tempo é um desenho
feito de nuvem
que a gente tenta adivinhar.

E sempre é tempo de aproveitar o tempo
vivendo intensamente
e até morrendo por amor...
(2006)

FORA DO TEMPO
Acordo disperso,
discreto,
ansioso por nada.

Sinto que o tempo
não faz parte de mim.

Tenho um dia particular.
(28/01/2007)


ÀS VEZES
Às vezes bate em mim uma dúvida do que já fiz até hoje.
Não sei se tudo valeu a pena, se tudo o que me aconteceu
me ajudou a caminhar e, mesmo nos tropeços,
algo de positivo pôde me fazer acreditar em dias floridos,
em manhãs de sol, em pessoas que ficaram do meu lado
quando mais eu senti medo.

Minhas memórias da infância permanecem.
Às vezes me sinto ainda criança
preso a um passado que nunca mais voltará.

Às vezes sinto vontade de chorar,
nem sei bem por quê.
Às vezes olho para trás e não sinto saudade de nada,
embora tenha perdido minha juventude
e deixado de fazer tanta coisa

e agora o que eu tenha de realmente meu sejam minhas dúvidas

e a certeza pragmática de que preciso continuar caminhando,
ainda que eu não saiba o caminho que devo seguir.

Somos todos errantes nessa vida.
Somos insensatos e às vezes tão contraditórios,
um pouco levianos e apáticos diante da realidade.
Essa parece ser a única verdade que encontrei.


Não quero dizer mais nada por enquanto.
Quero apenas ficar aqui a olhar pela janela
dos destinos sem nome que se movem à minha frente
sem controle remoto algum.

Tudo é como num filme contemporâneo
com suas possibilidades e a leveza da alma próprias daqueles
que desejam viver a qualquer custo, custe o que custar,
e são de carne, osso e sentimentos, ainda que não saibam
ou não encontrem um sentido sensato para se estar vivo.
(06/02/2007)


NOVO AMANHECER
Estou disposto a viver hoje,
desarmar os erros do passado
e a melancolia juvenil que até hoje me perseguem.

Vou clarear a minha casa, a minha mente,
deixar o vento levar embora lembranças e nostalgias.
Vou ler mais livros e esquecer coisas supérfluas
que nada acrescentam à minha vida.

Quero andar descalço no quintal,
aproveitar os dias de sol com meus amigos,
ouvir música em dias tristes e solitários.

Não quero mais deixar para amanhã
tudo o que eu tenho que fazer.
Quero fazer tudo agora,
quero dizer “eu te amo”
sempre que eu olhar no fundo dos teus olhos.

Sei que serei bem mais feliz
quando me renovar a cada dia, a cada instante,
e assim perceber que a minha vida não se passou em vão.
(06/02/2007)

ETERNA
Passa o tempo,
fica o amor,
caem as pétalas.

Ciclo da vida.

Vêm os sonhos,
vão as saudades,
estou completo.

Estás em mim.

Murcham as flores,
cicatrizam as dores,
renovo-me em ti.

És a primavera eterna.
(22/05/2007)

QUEBRADO
Espero amanhecer
para consertar o meu coração;
olho-me no espelho
e vejo a alma enrugada,
envelhecida pelos anos
e pelo meu olhar triste.

O tempo é algoz.
(08/08/2007)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Todo mundo carrega um MUNDO dentro de si...


Às vezes, quando estou na rua, gosto de observar as pessoas passando.

Sei que cada uma delas carrega um mundo dentro de si. E essa certeza faz-me ter uma compaixão, uma empatia pela humanidade que não sei explicar... Tenho vontade de abraçar as pessoas, perguntar o que estão sentindo, conversar com elas, saber se precisam de alguma coisa...

Caminham na rua de um lado para o outro... Vão e vêm. Solitárias ou acompanhadas. Algumas apressadas, outras a passos lentos, cabisbaixas. Muitos olhos inexpressivos. Na janela dos ônibus, nas lojas, no banco da praça, numa mesa de bar... Transmitem muitas vezes preocupação, alegria, tristeza, euforia, sonhos, desejos, medos, ansiedade, nervosismo, raiva, melancolia, depressão, angústia... Outras parecem indecifráveis, impenetráveis, distantes...

Cada pessoa é única, é um universo particular.

Na verdade, todo mundo precisa de carinho, de atenção, de sentir-se importante, de ser respeitado, de ser ouvido, de sentir-se vivo. Mas a correria do mundo – esse mundo pós-moderno, em que quase ninguém mais olha para o outro nos olhos – faz-nos individualistas, preocupados apenas com nós mesmos, com o nosso mundinho, com os nossos problemas.

E assim vamos pensando que estamos felizes porque estamos ganhando mais dinheiro, porque temos mais cartões de crédito, porque temos mais bens materiais ou porque temos mais gastos, mais dívidas. (E menos valores, menos bondade, menos compaixão, menos senso comunitário, menos amor ao próximo, menos sentimentos, menos afeto, menos solidariedade, menos humanidade, menos tudo o que acham irrelevante.)

Estamos num tempo em que as pessoas são descartáveis: usamo-las e, quando elas não nos são mais úteis ou não servem mais para satisfazer nossos desejos mesquinhos e egoístas, jogamo-las fora como quando nos desfazemos dos restos de uma laranja. Isso porque amamos mais as coisas do que as pessoas.

Há alguma coisa errada. Será que só eu vejo isso? Será que só eu sou anormal por pensar assim? Espero que não...

Estamos no país do futebol e do carnaval. Somos um povo feliz e acolhedor, é o que muitos dizem. Mas só não vê que somos um povo sofrido e amargurado quem não quer. Somos um povo que paga os impostos mais altos, que tem a pior distribuição de renda, que tem um dos maiores índices de miséria e violência do mundo. Sem falar na horrenda corrupção que vemos na política, no dia a dia. Há ainda o famoso jeitinho brasileiro que nos faz ganhar a fama de espertos e malandros. Aqui no Brasil parece que estupidez e ignorância são qualidades imprescindíveis para alguém ter espaço e não ser tachado de bobo, de banana.

Ser sensível e demonstrar ternura parece que deixou de ter importância na vida de um brasileiro.

Na verdade o povo brasileiro é triste, é sofrido, mas usa suas máscaras para esconder suas angústias existenciais, suas lágrimas, sua eterna insatisfação no trabalho, nos relacionamentos, na vida social... Tudo isso o faz ser desconfiado e assim ele se fecha dentro de si mesmo, sufocando sua vontade de participar da humanidade.

Por isso vemos cada vez mais pessoas solitárias, reclusas, intolerantes,violentas, suicidas, com baixa auto-estima.

Se nos sentíssemos responsáveis pelo mundo, pelo bem comum, com certeza seríamos pessoas melhores, mais felizes. Potencial nós temos, só precisamos trabalhar isso dentro de nós e ter um pouco mais de boa vontade. Afinal, não somos ilhas, não vivemos isolados das outras pessoas.

Sou um eterno sonhador, eu sei. Mas os sonhos às vezes podem se realizar um dia.

Assim espero.