sexta-feira, 26 de agosto de 2011

INVERNO SEM FIM, INVERNO EM MIM
Nada vejo.
Pareço qualquer um
na multidão de cegos.
Parece de vidro o céu
quebrando sobre nossas cabeças.
E abaixo de nós?
Não sei.

Rostos incrédulos e indefinidos,
tristes, deprimidos, soturnos.
Caminho só.

Caminhamos sós.
Estamos a sós
na multidão.

Solidão
num solstício febril.
Flores doadas
por engano,
enfadonho,
prossigo.

Sem destino
acato ordens não dirigidas a mim.
Sem pormenores,
a vista cansada
descansa
sob o luar.

Mas...
não há lua,
tudo está cinza.
Frio,
vento,
chuvisco.

Ainda é inverno
em mim, em nós,
na estação...
e nada podemos fazer.


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CÉU E MAR
Da ilusão infinda,
o fim dos sonhos
em quebra-mar
e vazios doloridos.

Da fatalidade sem Deus,
um ônibus escolar,
uma bomba-atômica
no jardim de infância:
flores mortas.

Da alma cansada,
o despertar,
o lamentar,
em doses de licor,
sem cor,
hidrocor.

Em ruínas perpassado,
em agonia deflorado,
desequilibrado,
amor sem paixão,
dias que virão,
a vida...
essa prisão.

E o mar...
seria rimar para amar?...
Céu, mar... celamar... amacéu.
Misturado de cima a baixo,
o azul,
o infinito que se perde
no puir do poente
que adormece
e me enternece.

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