sexta-feira, 17 de junho de 2011

Aurora

AURORA
É tarde.
Muito tarde.
Ou sou eu que escureço
e me ponho com o sol?

Faz frio.
Muito frio.
Ou será que o meu coração
congelou?

Uma brisa libertina
me toca o rosto
sussurra histórias
perdidas
pelo tempo,
pelo vento.

Além de mim,
além de tudo,
nascerá o dia,
nascerei
um dia.

Sou aurora,
crepúsculo,
hora morta,
ângelus
(Ave Maria,
cheia de graça...),
anjo,
parte de um todo.

Sou liturgia das horas,
beneditino,
monge
enclausurado,
pecado
estrangulado,
expurgo,
ex-tudo,
ex-de mim.

Sinos ao longe.
Indulgências plenárias.
Uma prece.
Recomeço.
Ergo-me,
sinto medo,
desengano,
pesar.

Luz em trevas.
Esperança.
Faz-se o milagre.
Amanheço.

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