Todas as oportunidades parecem vãs,
vão de entrada,
vãos da janela
que o frio desperto dispersa.
Vão-se sonhos em maremotos da alma.
A cada dia acordo vivo e sinto medo;
medo de mim, medo de tudo o que não entendo.
Vão-se sóbrios os dependentes,
doentes os sãos,
inocentes os ladrões,
ignorados os amantes.
A cada dia, a cada lamentar-se,
a cada cão que lambe suas feridas,
a cada filantropo que deposita uma moeda em sua vida,
a cada revolta, a cada inconfidência, a cada reacionário,
a cada hipócrita que reza ao Deus-dinheiro,
a cada descrente que agoniza,
a cada um que diz: foi vontade de Deus.
A cada um de nós, que espera,
que consente,
que diz sim a todas as injúrias,
a todas as perversidades,
pilantragens,
falsidades
ditas e assinadas.
A poesia tuberculosa adormece,
a doença dos românticos segue em marcha,
grita de fome, de medo, em nome da arte.
Mas não há arte quando se tem fome -
fome de comida e fome de livros.
Somos um país doente
em eterna quarentena.
A cada um de nós,
poetas ou loucos,
de amores prostituídos ou castos,
que perambulam pela vida só de passagem...
o eterno brindar àqueles que se põem em marcha
sem destino.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário