quarta-feira, 29 de junho de 2011

DISPERSO
Morri para dentro.
Acordei entre girassóis e cataventos
que não me mostraram a direção.

Tantas promessas...
Passos em vão...
a alma cansada
na prisão chamada corpo
que quer se libertar.

Estrada que se parte,
bifurcação de ideias,
sentidos,
polissemias.

Tudo em nada,

disfunção dos sentimentos
em efeito cascata,
dominó,
temporal.

Eu
aqui

disperso
feito pó.

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ALÉM DOS MUROS DE JERUSALÉM
Há um mundo morrendo
do lado de fora da janela.
Bajulação,
subserviências,
enquanto morremos.

Instituições,
hierarquias,
faça tudo o que seu mestre mandar.

Ouça os gritos mudos das crianças que imploram
por um dia florido,
mas só há espinhos,
açoite,
mortos-vivos.

Da janela do Vaticano
mais uma bênção,
mais uma desgraça...
E Deus, onde está?
Onde estamos?
Onde haverá vida
nesse deserto repleto
de pessoas sedentas?

O que nos sobra?
Sobra o coração,
esse santuário devassado e prostituído,
maculado,
sangrado,
mas ainda com a inocência pueril
que por ora permanece.

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