quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Infância


Um dos momentos mais felizes da minha vida – e acredito que também seja o de muitas outras pessoas – foi a minha infância.

Sinto saudade de quando eu era criança, dos passeios com meus pais e minha irmã na Quinta da Boa Vista, no cinema, no parque de diversões em Marechal Hermes, enfim, em mil e um lugares que nós íamos aos finais de semana.

Era tão bom poder jogar bola com os coleguinhas, inventar mil e uma brincadeiras, correr, gritar, ser autêntico. Quando se é criança os dias são todos bonitos, tudo é perfeito, tudo é engraçado, tudo é como num filme mágico. O único compromisso mais sério que uma criança tem é ir à escola.

Ser criança é bom demais! Infelizmente é uma fase que passa rápido e logo nos deparamos com as responsabilidades da vida adulta.

Tornamo-nos chatos, ranzinzas, intolerantes com as crianças, críticos dos adolescentes... Na verdade, todo mundo sente raiva de ter perdido um tempo que nunca mais voltará e, por isso, sente inveja das crianças...

Infelizmente crescemos e aprendemos a mentir, começamos a relacionarmo-nos com quem não gostamos, usamos de todos os artifícios para dar-nos bem, não temos mais tempo para os nossos amigos e nossa família... Só pensamos em trabalhar, trabalhar e trabalhar.

O ideal seria que guardássemos a essência da infância dentro de nós. Assim não nos irritaríamos tão facilmente, não perderíamos o tesão pela vida, o ímpeto, a sinceridade, a amizade sincera, o desejo de fazer de cada dia um momento especial.

Talvez um dia, quem sabe, consertemos esse mundo caótico e aprendamos a aproveitar mais o nosso tempo, a fazer as coisas de que mais gostamos, a andar sem pressa, a sorrir mais, a tomar banho de chuva, a andar descalço no quintal quando der vontade...

Enquanto esse dia não vem, ficamos dependentes de um envelhecimento precoce moral e psicológico, vítimas inveteradas dos calmantes, antidepressivos, remédios de dor de cabeça ou de pressão alta, dos enfartos, dos derrames... Vamos inventando, produzindo e colecionando doenças, porque é importante não parar nunca, produzir como uma máquina, ser o típico cidadão capitalista respeitado pela sociedade (e cada vez mais estressado, doente, neurótico, deprimido, ansioso, nervoso, com um sorriso falso nos lábios e querendo matar todo mundo ou se matar na primeira oportunidade).

Ainda há tempo de recuperarmos a infância perdida. Basta sermos autênticos, aproveitando ao máximo o tempo que ainda nos resta.
Quem nos disse que tempo é dinheiro mentiu feio!

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