sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Todo mundo carrega um MUNDO dentro de si...


Às vezes, quando estou na rua, gosto de observar as pessoas passando.

Sei que cada uma delas carrega um mundo dentro de si. E essa certeza faz-me ter uma compaixão, uma empatia pela humanidade que não sei explicar... Tenho vontade de abraçar as pessoas, perguntar o que estão sentindo, conversar com elas, saber se precisam de alguma coisa...

Caminham na rua de um lado para o outro... Vão e vêm. Solitárias ou acompanhadas. Algumas apressadas, outras a passos lentos, cabisbaixas. Muitos olhos inexpressivos. Na janela dos ônibus, nas lojas, no banco da praça, numa mesa de bar... Transmitem muitas vezes preocupação, alegria, tristeza, euforia, sonhos, desejos, medos, ansiedade, nervosismo, raiva, melancolia, depressão, angústia... Outras parecem indecifráveis, impenetráveis, distantes...

Cada pessoa é única, é um universo particular.

Na verdade, todo mundo precisa de carinho, de atenção, de sentir-se importante, de ser respeitado, de ser ouvido, de sentir-se vivo. Mas a correria do mundo – esse mundo pós-moderno, em que quase ninguém mais olha para o outro nos olhos – faz-nos individualistas, preocupados apenas com nós mesmos, com o nosso mundinho, com os nossos problemas.

E assim vamos pensando que estamos felizes porque estamos ganhando mais dinheiro, porque temos mais cartões de crédito, porque temos mais bens materiais ou porque temos mais gastos, mais dívidas. (E menos valores, menos bondade, menos compaixão, menos senso comunitário, menos amor ao próximo, menos sentimentos, menos afeto, menos solidariedade, menos humanidade, menos tudo o que acham irrelevante.)

Estamos num tempo em que as pessoas são descartáveis: usamo-las e, quando elas não nos são mais úteis ou não servem mais para satisfazer nossos desejos mesquinhos e egoístas, jogamo-las fora como quando nos desfazemos dos restos de uma laranja. Isso porque amamos mais as coisas do que as pessoas.

Há alguma coisa errada. Será que só eu vejo isso? Será que só eu sou anormal por pensar assim? Espero que não...

Estamos no país do futebol e do carnaval. Somos um povo feliz e acolhedor, é o que muitos dizem. Mas só não vê que somos um povo sofrido e amargurado quem não quer. Somos um povo que paga os impostos mais altos, que tem a pior distribuição de renda, que tem um dos maiores índices de miséria e violência do mundo. Sem falar na horrenda corrupção que vemos na política, no dia a dia. Há ainda o famoso jeitinho brasileiro que nos faz ganhar a fama de espertos e malandros. Aqui no Brasil parece que estupidez e ignorância são qualidades imprescindíveis para alguém ter espaço e não ser tachado de bobo, de banana.

Ser sensível e demonstrar ternura parece que deixou de ter importância na vida de um brasileiro.

Na verdade o povo brasileiro é triste, é sofrido, mas usa suas máscaras para esconder suas angústias existenciais, suas lágrimas, sua eterna insatisfação no trabalho, nos relacionamentos, na vida social... Tudo isso o faz ser desconfiado e assim ele se fecha dentro de si mesmo, sufocando sua vontade de participar da humanidade.

Por isso vemos cada vez mais pessoas solitárias, reclusas, intolerantes,violentas, suicidas, com baixa auto-estima.

Se nos sentíssemos responsáveis pelo mundo, pelo bem comum, com certeza seríamos pessoas melhores, mais felizes. Potencial nós temos, só precisamos trabalhar isso dentro de nós e ter um pouco mais de boa vontade. Afinal, não somos ilhas, não vivemos isolados das outras pessoas.

Sou um eterno sonhador, eu sei. Mas os sonhos às vezes podem se realizar um dia.

Assim espero.

2 comentários:

___Psiquê___ disse...

Os valores estão invertidos...hoje (infelizmente) é mais importante “ter” (dinheiro, status) do que “ser” (amigo, sincero, honesto)... Como disse o poeta: ”Esse é o nosso mundo...o que é demais nunca é o bastante”......”O mal do século é a solidão...cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição...”

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog!