quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um pouco triste

Hoje estou me sentindo um pouco triste, nem sei por quê.

Ficar triste é um sentimento estranho, ainda mais quando não se tem um motivo aparente para sentir-se assim.

De onde eu trabalho fico a olhar pela janela e tudo me deixa mais introspectivo: as pessoas que passam, o vento que balança as folhas das palmeiras, as nuvens que insistem em encobrir o sol e deixar tudo mais triste, o tempo que passa diante dos meus olhos...

Sinto um aperto no peito e queria que esse dia acabasse logo. Queria poder tirar férias de mim, fechar os olhos, hibernar por alguns meses e acordar renovado em espírito e coração.

Não sei mesmo por que estou triste. Ainda não li as reportagens trágicas na Internet. Os telejornais ainda não expuseram as feridas mal curadas da sociedade ou mais algum assassinato covarde. Nenhuma criança foi jogada da janela ou estuprada. Não ouvi nenhuma canção triste que poderia deixar meu coração enternecido.

Nada.

Não sou triste. Estou triste. E isso logo passa.

A chave da busca pela felicidade? Está, com certeza, nas coisas mais simples da vida.

Basta ver o sorriso de uma criança. Abraçar a minha mãe e sentir o seu carinho por mim. Ver a minha noiva, beijá-la com amor e a ouvir dizer que me ama. Encontrar meus amigos e sentir o calor humano que emana de cada um deles. Ler um bom livro. Admirar um jardim florido, o pôr do sol, a lua, o céu estrelado... Sentir-me útil ajudando alguém ou fazendo algo de bom.

Enquanto isso, refugio-me nas palavras, entrego-me ao silêncio, medito tudo o que estou sentindo no meu coração e, assim, sei que poderei produzir novos sorrisos, modelar novas esperanças, como a árvore seca é capaz de renascer num milagre e produzir flores e frutos.

Quero chuva no terreno que está seco. Quero vozes carinhosas após um dia cansativo de trabalho. Quero voltar para casa e descansar no colo do meu amor. Quero ir para a cama e dormir despreocupado. Quero sonhar com dias melhores e acordar querendo abraçar todo o mundo, com a alma límpida e renovada.

É preciso transcender. A semente só vinga quando morre, lançada ao solo das esperanças. Rosas são o sacrifício da semente.


Vontade de chorar? Eu? Só um pouco. Mas chorar nem sempre é sinal de tristeza decadente. É mais um sinal de que eu sinto e estou vivo num mundo louco e indiferente que já se esqueceu de sentir.

Almas e corações de cimento por toda parte... Por isso não choram. Mas eu não quero ser assim: sou de carne, osso, sentimentos e coração.

Acostumei-me com as noites de tempestades. Mas logo amanhece e vem um belo dia de sol.

É sempre assim.

Um comentário:

___Psiquê___ disse...

Me reconheço nesse texto...sinto esse “aperto no peito” às vezes. Vontade de chorar? Também tenho. O que faço? Deixo as lágrimas rolarem...faz bem, alivia a alma. ”Nem sei porque me sinto assim...vem de repente um anjo triste perto de mim...”